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Um tesouro para os historiadores

Acesso ao acervo completo do ‘Estado’ abre janela privilegiada para compreender as transformações pelas quais passou a República brasileira

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É possível contar a história da República brasileira pelas páginas de O Estado de S. Paulo. Trata-se, portanto, do único jornal em circulação que pode ser visto como uma das mais completas fontes documentais para aqueles que se dedicam a estudar as transformações pelas quais o País passou nesses mais de cem anos. Ao tornar disponível para consulta a totalidade de seu acervo, o Estado presta um serviço aos historiadores ainda difícil de mensurar.

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Os obstáculos à pesquisa em periódicos do Brasil são notáveis. Em São Paulo, por exemplo, só muito recentemente o Arquivo Público do Estado digitalizou parte de seu acervo, possibilitando busca e consulta de documentos de modo rápido e eficiente. Ainda assim, há muito a ser feito e pouca verba, como sói acontecer na área de preservação da memória. Na grande maioria dos demais casos, os historiadores ainda têm de consultar periódicos em péssimo estado de conservação, num trabalho mais próximo da arqueologia que da história. Alguns pesquisadores de História do Brasil, para nosso constrangimento, às vezes têm mais sucesso ao buscar documentos em arquivos dos EUA.

O arquivo de O Estado de S. Paulo ajuda a mudar um pouco esse cenário e, de quebra, oferece uma máquina do tempo ao leitor comum. Numa consulta sobre Proclamação da República, o site do acervo leva à edição de 16 de novembro de 1889, quando o jornal ainda era A Província de São Paulo e traz a manchete "Viva a República". No texto, o jornal registra que "o povo passa cantando a Marselhesa" e há um apelo de Rangel Pestana, então redator-chefe, e Prudente de Morais, designado para governar São Paulo, invocando o lema da Revolução Francesa, "liberdade, igualdade e fraternidade". O momento foi tão importante para o jornal que, na edição do dia 18, ele anunciava que decidira mudar de nome: passaria a ser, no ano seguinte, O Estado de S. Paulo.

Um século mais tarde, em 15 de novembro de 1989, o Estado anunciava que a democracia estava sendo restaurada no Brasil, encerrando o que chamou de "demoradíssima transição" prometida pelo regime militar. Desse modo, o Estado servia como testemunha privilegiada dos acidentados cem anos passados entre a esperança republicana e a conquista da cidadania plena. Para quem se dedica à História, ter acesso a esse tesouro é um presente.

* MARCOS GUTERMAN É EDITOR DO ‘ESTADO’ E HISTORIADOR

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