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Universidade do Rio terá banco de dentes humanos

Material será usado em ensino e pesquisa. Numa segunda etapa, servirá também para operações de reimplante

Por Agencia Estado
Atualização:

Até o fim do ano, o campus da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, ganhará um banco diferente. Em vez de dinheiro, lá serão armazenados dentes humanos, produto igualmente valioso em sua Faculdade de Odontologia, onde, em apenas uma disciplina, os alunos usam 800 unidades por semestre, em aulas práticas e pesquisa. Com isso, o País dá mais um passo contra a comercialização do material, que, em 1997, com a reformulação da Lei de Transplantes, foi reconhecido como órgão e, por isso, não pode ser negociado. "Inicialmente, o Banco de Dentes Humanos (BDH) será usado nas atividades de ensino e pesquisa. Mais adiante, queremos também trabalhar com implante e identificação de DNA por meio do dente, um benefício para a Odontologia Forense", diz a professora de Endodontia e Odontogeriatria da UFF Miriam Scelza, que coordenará a nova unidade. Doações A doação de dentes ao banco, explica a coordenadora, respeitará um protocolo rigoroso, que passa pela identificação dos doadores e dos dentistas, sejam eles vinculados às clínicas da UFF ou não. Além disso, assim como no caso de transplante de outros tipos de órgãos, o paciente precisa autorizar, por escrito, a doação. "Por ser um órgão humano, sua origem para a legalização de um projeto de pesquisa no comitê de ética é importante. Um banco de dentes bem estruturado pode oferecer o uso e o armazenamento biosseguro", enfatiza Míriam. Uso criterioso O uso do material em reimplantes terá um processo ainda mais criterioso. "Nesse caso, ocorrerão implicações no armazenamento e acompanhamento do doador (tipo sanguíneo, HIV, testes de hepatite e histocompatibilidade)." Para evitar a desidratação, eles serão guardados em meio líquido, geralmente água ou soro fisiológico. USP O passo que a UFF está dando agora segue um movimento pioneiro da Universidade de São Paulo (USP), onde, em 1992, foi criado o Banco de Dentes Permanentes Humanos da Faculdade de Odontologia, o primeiro do País. A unidade foi oficialmente reconhecida em 1999 e, desde essa época, vem dando assessoria para a instalação de bancos similares em outras universidades.

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