PUBLICIDADE

USP cria mais um clone, a bezerra Bela

Por Agencia Estado
Atualização:

O rebanho de clones brasileiros ganhou mais um integrante. Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) anunciaram nesta sexta-feira o nascimento da bezerra Bela, da raça nelore, clonada de células da orelha de uma vaca adulta. Com isso, completam-se no País as três possibilidades de clonagem bovina: a partir de células de embriões, fetos e animais adultos. O objetivo da pesquisa é determinar se os clones originados de células adultas já nascem mais velhos do que os de células mais jovens. Bela nasceu de cesariana na terça-feira, com 45 quilos, mas o feito só foi anunciado após a conclusão dos exames de DNA, que comprovaram o sucesso da clonagem. A bezerrinha é geneticamente idêntica à sua ?mãe?, Nampa, uma campeã de 10 anos da qual foram retiradas as células para clonagem. A gestação ocorreu em uma outra vaca da Fazenda Panorama, em Campinas, que é parceira da universidade no projeto. Para chegar a Bela, foram fecundados 2.800 óvulos, que deram origem a 680 embriões. Os 21 melhores foram então selecionados e transferidos para 11 vacas receptoras. Quatro iniciaram gestações, mas, no fim, apenas uma vingou. A técnica, conhecida como transferência nuclear, consiste em substituir o núcleo de um óvulo pelo de uma célula do animal que se deseja clonar. Uma possível aplicação comercial seria a reprodução de animais de alto valor genético, como Nampa. A equipe de cientistas, chefiada pelo professor José Antonio Visintin, é a mesma que no ano passado clonou o bezerro Marcolino. O experimento causou certo constrangimento por causa de uma troca de células no laboratório. Em vez do clone de um animal adulto ? como foi obtido agora ?, nasceu o clone de um feto morto. O objetivo final, entretanto, foi alcançado: poder comparar as células dos dois e descobrir se um já nasce biologicamente mais velho do que o outro. Os primeiros resultados devem sair no início do ano, após a chegada de um kit de análise importado. Dúvidas Estudos indicam que os animais clonados de células adultas podem herdar a idade biológica dessas células ? ou seja, o animal nasce envelhecido, com as células já desgastadas. ?Há pesquisas que dizem que sim e outras que não?, disse Visintin. Outro objetivo do projeto era determinar se a clonagem de células jovens (no caso, de feto) era mais simples que a de adultas. ?Chegamos à conclusão de que, tecnicamente, não há diferença?, disse o pesquisador Marco Roberto de Mello, doutorando da equipe. O trabalho é financiado pela USP, pela Fapesp e pelo CNPq. Uma equipe da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal também produziu um clone de uma vaca nelore adulta no ano passado, mas o animal morreu após um mês, de infecção generalizada. Outros dois clones foram criados pela Embrapa: as bezerras Vitória, de células embrionárias, em 2000, e Lenda, de células adultas, em setembro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.