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USP inaugura tanque de provas para indústria naval

O TPN vai colocar o Brasil entre os países que lideram as pesquisas simuladas na construção de plataformas petrolíferas

Por Agencia Estado
Atualização:

Muitos computadores no lugar de um supercomputador formam o que os pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) chamam de Tanque de Provas Numérico (TPN), uma tecnologia inédita que permitirá a realização de simulação matemática de estruturas flutuantes de produção de petróleo e gás. O tanque, na verdade, é um laboratório de mais de 100 metros quadrados de área, que foi iniciado nos começo de 2001 e inaugurado ontem pela USP. O TPN vai colocar o Brasil entre os países que lideram as pesquisas simuladas na construção de plataformas petrolíferas. Isso porque vai trabalhar em conjunto com o que deve ser o maior tanque de provas físicas do mundo, com 15 metros de profundidade, que está sendo concluído pelos cientistas da Coordenação de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Assim como no projeto da Coppe, a Petrobras está ligada ao projeto do TPN. A empresa investiu R$ 400 mil no tanque, que já faz simulações envolvendo a plataforma P-18. O investimento total no projeto do tanque da Poli é de R$ 3 milhões. Além da Poli, Coppe e Petrobras, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) também está envolvida no projeto. ?O tanque de prova física tem limitações físicas. Para fazer a validação de projetos de plataformas para 2 a 3 mil metros de profundidade, que é para onde está indo a Petrobras, esse tipo de tanque tem de trabalhar com modelos físicos de escala muito reduzida, de centímetros?, explicou Kazuo Nishimoto, professor do Departamento de Engenharia Naval da Poli e coordenador do TPN. ?Os dois modelos, físico e numérico, têm suas limitações e um compensa o outro?, completou. O TPN é um sistema que permitirá não só a simulação de projetos de plataformas tradicionais, como a instalação e manutenção de estruturas flutuantes. Ele trabalha com o cluster, um conjunto de 60 computadores com capacidade conjunta de processar 21 bilhões de operações por segundo e que substitui um supercomputador. ?Os computadores são mais baratos, mais fáceis de se atualizar e podemos, quando tivermos computadores mais velozes, repassar esses para uso nas salas de aula da universidade. Fizemos uma troca do supercomputador pela supercomputação?, justificou. ?Hoje, simulamos sistemas flutuantes de produção, seja navio, seja semi-submersível, com linhas de ancoragem e dutos de produção de petróleo?, disse. O cluster envia as informações para a sala de projeção, que mostra a plataforma em 3D estéreo. Em conjunto com os dados matemáticos, os pesquisadores avaliam se o local escolhido é o mais indicado, se a estrutura para as condições de vento e correntes marítimas do local estão adequadas e diversos outros fatores. Os softwares usados foram desenvolvidos pela equipe da Poli. A projeção é praticamente um mergulho virtual ao fundo oceânico, pois simula as condições ambientais. ?Nosso objetivo é fazer uma avaliação da eficiência do sistema como um todo e da segurança?, apontou. Segundo Nishimoto, no futuro o TPN poderá ser usado na avaliação de acidentes em plataformas, inclusive de eventos como o afundamento da P-36, ajudando com seus modelos matemáticos a prever fatos e ajudar nas ações que minimizem os efeitos do acidente. Na sala de 3D, os pesquisadores hoje podem visualizar uma plataforma da Petrobras, a P-18, que fica em Marlin, na Bacia de Campos. Eles começam agora a trabalhar no modelo da P-43, um navio convertido em plataforma que será instalado no campo de Caratinga, também em Campos. A estrutura, de acordo com Nishimoto, será instalada este ano. A Petrobras está selecionando outras plataformas para serem colocadas no sistema de simulação do TPN. Os pesquisadores, por sua vez, continuam aperfeiçoando os modelos matemáticos para se aproximarem mais das condições reais. Na inauguração de amanhã (27), Nishimoto irá disponibilizar o modelo da P-18 para ser mostrado na Caverna Digital. Trata-se de um laboratório de realidade virtual que adotou o conceito de imersão total, desenvolvido pelo Laboratório de Sistemas Integráveis da Poli/USP. Dentro da caverna, os participantes do evento poderão ver a plataforma em um ambiente totalmente virtual, com projeção em todas as paredes, fazendo com que a pessoa se sinta como se estivesse na própria plataforma.

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