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USP recebe células-tronco de embriões humanos

Sem poder desenvolver o material no Brasil, equipe ganha de Harvard linhagens para pesquisar cura de doenças como Alzheimer e diabetes

Por Agencia Estado
Atualização:

Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) receberam dos Estados Unidos quatro linhagens de células-tronco embrionárias humanas para pesquisas sobre doenças como diabetes, Parkinson e Alzheimer. O material foi doado pela Universidade de Harvard, que está colaborando com pesquisadores de países onde a legislação não permite a obtenção destas células, como é o caso do Brasil. ?Estamos muito entusiasmados com o recebimento das células-tronco embrionárias humanas, pois se trata de um modelo experimental de enorme valor em termos de linhas de pesquisa que podem ser abertas?, disse à Agência Fapesp Lygia da Veiga Pereira, do Instituto de Biociências (IB) da USP. O material será integrado aos estudos do IB com células-tronco embrionárias de camundongos, desenvolvidas pelos brasileiros. A equipe de Lygia criou em 2001, as primeiras linhagens de células-tronco embrionárias de camundongos. A conquista foi importante por permitir o desenvolvimento de modelos para o estudo de doenças que afetam as pessoas. As pesquisas não podem avançar plenamente, porém, porque os estudos com células-tronco de embriões humanos ainda não são autorizados pela legislação. Estas pesquisas utilizam células-tronco de embriões descartados em clínicas de fertilização, que iriam para o lixo, ou de blastocistos - embriões em estágio inicial, com poucas células - obtidos por clonagem. O texto da Lei de Biossegurança, aprovado na Câmara dos Deputados em fevereiro, acabou vetando o uso destes materiais na tentativa de evitar a clonagem para a produção de bebês. O Senado agora analisa a matéria e pode adicionar uma emenda liberando as pesquisas. O material cedido pelo laboratório do professor Douglas Melton, do Departamento de Ciências Naturais de Harvard, torna possível a primeira pesquisa deste tipo no País. Para Lygia, porém, este fato também ressalta o prejuízo que o Brasil tem por não estabelecer suas próprias linhagens de células-tronco embrionárias. ?Perdemos uma parte fundamental do estudo, perdemos autonomia e ficamos à mercê do desenvolvimento feito em outro país?, disse.

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