USP tenta ´produzir´ neurônio com células de embriões

Células-tronco de embriões humanos, recebidas dos EUA, serão usadas para buscar tratamento para doenças como Parkinson

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) vão usar as células-tronco de embriões humanos recebidas dos Estados Unidos para tentar "produzir" neurônios, músculo esquelético e músculo cardíaco. Os brasileiros desenvolveram um procedimento neste sentido utilizando células-tronco embrionárias de camundongos, e agora poderão checar se o procedimento é válido também com células humanas. "Esse é um trabalho para dois anos. Há uma grande diferença entre crescer um neurônio em laboratório e fazer um tratamento para uma pessoa que tem mal de Parkinson", afirma Lygia Pereira, a pesquisadora que conseguiu da Universidade de Harvard a doação de quatro linhagens de células-tronco de embriões humanos. "É um caminho longo, mas temos de, e vamos, trilhá-lo." Outra linha de pesquisa será comparar as células-tronco embrionárias com células-tronco adultas, para verificar quais genes são responsáveis por permitir que as embrionárias sejam capazes de formar qualquer tecido e as adultas, somente alguns, além do tecido do qual elas se originam. Os cientistas terão, porém, de pedir autorização ao comitê de ética do Instituto de Biociências. "Será uma situação nova para eles. Vamos ver o que acontece", comenta a geneticista Mayana Zatz, do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP. Legislação A legislação brasileira sobre pesquisas com células-tronco de embriões humanos está travada no Congresso Nacional, o que torna a questão delicada. Por enquanto, o texto da Lei de Biossegurança, aprovado em fevereiro na Câmara, proíbe o uso destas células para qualquer fim. No Senado, estuda-se uma emenda para liberar as pesquisas com este tipo de material. Enquanto isso, os cientistas brasileiros estão impossibilitados de obter o material no Brasil, o que levou Lygia a apelar para colegas americanos do Departamento de Ciências Naturais de Harvard. "Dependemos de alguém que faça as linhagens para nós e nos mande, um trabalho que poderia ser feito no Brasil", lamenta Lygia.

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