Vaticano denuncia nova prisão de bispos na China

O papa Bento XVI fez do avanço das relações com a China uma das prioridades de seu pontificado

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Por Associated Press
Atualização:

O Vaticano acusou o governo chinês de realizar novas prisões de bispos católicos, e disse que as autoridades de Pequim estão criando "obstáculos" a um diálogo com a Santa Sé.

 

 

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A assessoria de imprensa do Vaticano emitiu a queixa ao final de uma reunião anual para o estudo dos problemas da Igreja Católica na China.

 

O papa Bento XVI fez do avanço das relações com a China uma das prioridades de seu pontificado. No país asiático, os ritos religiosos só são permitidos em igrejas apoiadas pelo governo. Milhões de Chineses, no entanto, pertencem a congregações clandestinas fiéis a Roma.

 

Em 2007, Bento XVI enviou uma carta aos católicos chineses com elogios à Igreja clandestina, mas também pedindo que os fiéis buscassem a reconciliação com os seguidores da Igreja estatal.

 

Na nota desta quinta-feira, 2, o Vaticano denuncia a volta à prisão do monsenhor Giulio Jia Zhiguo, bispo de Zhengding, e lamenta que outros sacerdotes tenham sido detidos ou submetidos a "pressões indevidas" por parte de autoridades.

 

"Tais situações criam obstáculos ao clima de diálogo com as autoridades competentes pelo qual o Santo Padre manifestara vívida esperança em sua carta", disse a nota do gabinete de imprensa do Vaticano.

 

Na China, o vice-presidente da Igreja católica oficial insistiu que Pequim segue determinada a melhorar as relações.

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"A posição do lado chinês não mudou. O governo chinês sempre tem a esperança de melhorar os laços entre as partes o mais rápido possível", disse Liu Bainian, da Associação Patriótica Católica, a organização controlada pelo Partido Comunista que supervisiona a Igreja ligada ao Estado.

 

Liu disse desconhecer tanto a nota do Vaticano quanto a suposta prisão do bispo, mas acrescentou: "Se alguém quebra a lei, isso não deve ser visto como a China criando obstáculos a uma melhora do laços".

 

A China forçou a parcela católica da população a cortar laços com o Vaticano, pouco depois de o Partido Comunista chegar ao poder. A Igreja apoiada pelo Estado vê o papa como um líder espiritual, mas nomeia seus próprios padres e bispos.

 

Liu também reiterou as exigências de Pequim para uma melhora nas relações, pedindo que a Santa Sé não interfira nos assuntos internos chineses e corte os laços com Taiwan.

 

O padre Bernardo Cervallera, cuja agência de notícias vinculada ao Vaticano acompanha de perto a situação chinesa, disse que as autoridades de Pequim vêm reprimindo tanto os sacerdotes oficiais quanto os clandestinos.

 

Padres têm sido presos por celebrar missas clandestinas e sacerdotes da Igreja estatal têm sido pressionados a vir a público criticar o Vaticano. Segundo Cervallera, a repressão tem por objetivo quebrar os vínculos informais que surgem entre as duas Igrejas.

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