27 de outubro de 2010 | 17h42
SÃO PAULO - A Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano reconheceu na última terça-feira, por meio de voto favorável e unânime do colégio de cardeais e bispos, a autenticidade de um milagre atribuído à Irmã Dulce. Essa é a última etapa do processo de beatificação da religiosa.
O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira, 27, pelo arcebispo primaz do Brasil, D. Geraldo Majella Agnelo, em coletiva realizada na sede das Obras Sociais Irmã Dulce em Salvador. De acordo com o cardeal, o Papa Bento XVI assina o decreto oficializando a concessão do título de Beata ou Bem-aventurada à freira baiana antes do Natal.
Com o reconhecimento final do papa, Irmã Dulce passará a se chamar "Bem-aventurada Dulce dos Pobres". Um dia após o decreto papal, o processo de canonização já pode ser iniciado. A cerimônia de beatificação do Anjo Bom do Brasil está programada para o primeiro semestre de 2011, no Parque de Exposições da capital baiana.
O milagre validado pelo Vaticano passou por três etapas de avaliação: uma reunião com peritos médicos (que deram o aval científico), com teólogos, e, finalmente, a aprovação final do colégio cardinalício, tendo sua autenticidade reconhecida de forma unânime em todos os estágios.
Uma graça só é considerada milagre após atender a quatro pontos básicos: a instantaneidade, que assegura que a graça foi alcançada logo após o apelo; a perfeição, que garante o atendimento completo do pedido; a durabilidade e permanência do benefício e seu caráter preternatural (não explicado pela ciência).
Segundo o médico Sandro Barral, um dos peritos que participou do processo de análise do milagre, a graça validada ocorreu em 2001, em uma cidade do interior do Nordeste. "Foi um caso de pós-parto, em que a paciente apresentava um quadro de forte hemorragia não controlável. Em um período de 18 horas, ela chegou a passar por três cirurgias, mas o sangramento não cessava. Contudo, sem nenhuma intervenção médica, a hemorragia subitamente parou e a paciente passou a ter uma impressionante recuperação", explica.
Conforme relatos da época, o fim do sangramento ocorreu no mesmo instante em que um grupo de orações pedia a intercessão de Irmã Dulce em favor da parturiente. "A corrente de orações foi proposta por um sacerdote, contemporâneo de Irmã Dulce, que chegou, inclusive, a enviar para a família dela um pedaço de tecido do hábito que pertenceu à religiosa", afirma o assessor de Memória e Cultura das Obras, Osvaldo Gouveia.
Ainda segundo dados do processo, ao ser chamado à casa da mulher em trabalho de parto, o médico que a atendia achou na ocasião que estava indo assinar seu atestado de óbito, em virtude da gravidade da situação, mas ao chegar ao local encontrou a mãe já recuperada do sangramento e com o bebê em seus braços. A identidade da paciente e o local do milagre só poderão ser revelados um mês antes da cerimônia de beatificação da Irmã Dulce.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.