PUBLICIDADE

Vespas foram infectadas por vírus há milhões de anos

Elas agora dependem dos vírus para sobreviver, pois eles as ajudam a botar seus ovos dentro de larvas

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Dezenas de milhares de espécies de vespas botam seus ovos dentro de lagartas, injetando toxinas que paralisam as hospedeiras e permitem que sua cria se alimente em suas entranhas com tranquilidade. Pesquisadores se perguntavam há muito tempo o que exatamente eram essas toxinas e de onde elas vinham. As respostas, reveladas por uma nova análise genética, têm a ver com um vírus que infectou as vespas há milhões de anos.   A primeira pista para a natureza das toxinas da vespa veio em 1970. Usando um microscópio eletrônico, pesquisadores descobriram que elas eram formadas por proteína e DNA produzidos nos ovários das vespas. Porque elas se pareciam com vírus, as toxinas foram chamadas de polidnavírus.   Mas a classificação de vírus imediatamente provocou um debate. Análise genética revelou que as partículas eram formadas na maior parte por DNA das vespas e não pareciam conter nenhuma das proteínas da maioria dos vírus. Essas duas observações levaram alguns pesquisadores a argumentar que as partículas eram na verdade "secreções genéticas" da vespa e não um vírus independente.   Determinados a resolver o debate, o entomologista Jean-Michel Drezen da Universidade de Tours na França e seus colegas decodificaram o DNA do polidnavírus em 2004, mas esses resultados mostraram a maioria do material genético da própria vespa. Então a equipe olhou para os ovários das vespas. Em um grupo de vespas, 22 genes bateram com aqueles de uma antiga família de vírus chamados nudivírus, relataram os pesquisadores na Science.   O que isso significa, explica Drezen, é que os nudivírus infectaram as vespas há milhões de anos e que, com o tempo, o DNA viral se integrou ao genoma da vespa. Hoje, as vespas dependem dos vírus para sobreviver, porque eles as ajudam a botar os ovos nas lagartas. O vírus também precisa da vespa para sobreviver porque ele só consegue se reproduzir em seus ovários.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.